6 de julho de 2010

Metade


Conversando com um amigo no msn, citei uma frase dessa poesia de Oswaldo Montenegro.
Que é tão linda, completa...
Fui em busca de ler novamente, e percebi que estou em todas as linhas dessa poesia, se não agora,  já estive em algumas delas.

Mas como o que Eu Sou hoje é formado pelo conjunto de tudo que eu já fui e todas as possibilidades do que eu posso vir a ser, eu estou em todas as linhas.
Ou não sei... como bem diz Oswaldo na poesia.

O engraçado é que me lembro da primeira vez que li METADE... eu era adolescente e fiquei mesmerizada com o que li, mas vejjo que só hoje, entendo por inteiro e de maneira mais completa.
Hoje ao reler Metade, fui absorvida por cada palavra do texto.
Cada frase me trouxe uma lembrança que serviu de espelho para me enxergar por inteiro.
Devo dizer que mesmo sabendo que já quebraram, espatifaram, quase destruíram meu coração...
Essas experiências serviram pra deixá-lo ainda mais forte, robusto, vigoroso e doce.



A frase que me chamou mais atenção ao reler foi :

***
" Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito "

***

Eu acho que essa é a minha maior ambição neste momento.
E finalizo dizendo:

Metade de mim é Amor... e a outra também.


Cartas para redação.
Bjo, me twitta.
@patmguerra


Metade
(Oswaldo Montenegro)

Que a força do medo que tenho

Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.


Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.



Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.


Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.


Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.


E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

1 comentários:

Anônimo disse...

Só achamos a nossa metade, quando estamos inteiras. No seu caso, vai ser a qualquer momento, já que vc já sabe o que quer e está bem consigo mesmo a muito tempo. Parabéns por isso! Beijos, Lara