27 de julho de 2007

Saudades do Amor







Pode Ser
(Musica e Letra -Jorge Vercilo)
(Canta - Pedro Mariano)

Já me acostumei com a insegurança
De quem não quer sofrer
A paixão certeira que nos alcança
Quem poderá prever
A profundidade e o envolvimento
Não dá pra controlar
A longevidade do sentimento
Só o tempo dirá
Pode ser
Uma nova ilusão
Pode ser
Esse meu coração
Ou será o amor, ou será
Quando a tua boca me rouba um beijo
Sinto meu chão rachar
Amo teus contornos, em ti me vejo
Dentro do teu olhar
Mas bem lá no fundo me bate um medo
Medo de me entregar
Quase todo mundo tem um segredo
Me ajuda a desvendar

20 de julho de 2007

Tragédia & Filosofia













Filosofar é preciso


por SERGIO MATTOS GUERRA (meu irmão!)


Vale a pena ler !!!!


É comum ouvirmos hoje em dia que não há mais necessidade de filosofar.
"A Filosofia hoje é nada", brincou uma dramaturga brasileira na década de 90. Os arautos dessa modernidade afirmam que o importante é realizar-se, divertir-se, viver momentos alegres com familiares e amigos, viver plenamente o hoje, ser feliz. Quando se permitem filosofar, refugiam-se em alguma religião que lhes apresenta um menu de respostas prontas para todas as magnas perguntas da vida. Criam um "Deus" antropomórfico a quem julgam conhecer e com quem estabelecem pactos que lhes darão uma vida segura e feliz aqui na terra e um pós-morte de imortal júbilo.

Mas quando somos atingidos por uma tragédia como este último desastre do vôo da TAM, todas as nossas frágeis noções do que é ser feliz se estilhaçam na furiosa explosão dos acontecimentos. O nosso ente querido, que até ontem vivia feliz e seguro de que nada de mal iria lhe acontecer (já que as tragédias só acontecem com os outros e com os entes queridos dos outros) encontra-se hoje morto, carbonizado, irreconhecível, extinto, silencioso e ausente.


A nossa rotina corriqueira e banal é repentinamente mergulhada em desespero e estupor. Por mais que tenhamos sido felizes até ontem, hoje esta felicidade roubada já não vale mais nada.
Não nos conforta. Pelo contrário: quanto mais doce tenha sido nosso ontem de alegria e aconchego, mais cortante e amarga é nossa miséria depois do episódio trágico ("Em toda a adversidade do destino, a condição que gera mais infelicidade é o fato de se ter sido feliz ").

A religião também empalidece e os religiosos se dividem: os que tiveram seus entes queridos salvos da catástrofe rejubilam-se e, em arroubos de cegueira egoísta, louvam a Deus por ter sido tão bondoso com eles. Os que perderam seus amados gritam e revoltam-se contra os humanos que possam ter causado a tragédia, numa busca frenética por culpados. Não se vê nenhum deles agradecer a Deus pelo ocorrido, embora a Bíblia afirme que em tudo deve-se dar graças a Deus. Em outras palavras, tornam-se ateus, apesar dos habituais clichês religiosos que todos dizem nessas horas: "Foi a vontade de Deus", "não chore, ela está num lugar melhor", "um dia iremos nos reencontrar".

É numa hora como essas que brilha um fato tão antigo mas tão atual: a filosofia não morreu.
E nunca morrerá.
Simplesmente porque o homem nasceu para filosofar.
Ele tem a necessidade de se exercitar constantemente na arte de fazer as perguntas máximas da existência: "Quem sou eu?", "de onde vim e para onde vou?", "o que posso conhecer e o que devo fazer para conhecer?", "existe algo imortal em mim que não seja destruído pela morte?", "o que é o tempo?", "o que é real e o que não passa de ilusão?", "o que é a felicidade e como a poderei encontrar?", "há um Deus?", "é possível conhecê-lo?", "por que eu sou como sou e as coisas são como são?", "o que é possível mudar e o que tenho que aceitar?". O ato e o hábito de fazer estas perguntas é mais que simplesmente uma inclinação humana: é nossa vocação.

O exercício dessas indagações desenvolve os poderosos "músculos" do discernimento, e ao longo de muitos anos de prática, pode conferir a grande jóia da existência humana: a SABEDORIA.

A sabedoria não virá do estudo de livros e escrituras, nem da aceitação de dogmas religiosos, mas da profunda observação da vida aliada ao lento e paciente exercício de filosofar. Só a sabedoria, cultivada com humildade e paixão, será capaz de nos confortar de dentro do nosso peito. Só ela nos armará para vencer qualquer embate da vida e nos fará olhar para eles com serenidade e desapego. Só a sabedoria nos impedirá de enlouquecer se tudo o que tivermos for tirado de nós. Porque a sabedoria é, ela mesma, a única coisa nossa que não poderá ser tirada de nós. E não será isso a verdadeira e única felicidade? Todavia, poucas pessoas estão interessadas em buscar a sabedoria. Muitos filósofos nos ensinaram isso com suas próprias vidas e, principalmente, com suas mortes.

Mas o primeiro que me vem à cabeça é Boécio (Anicius Manlius Torquatus Severinus Boetius -- Roma, c.475/480 - Ticino, 524). Como filósofo platônico, estadista e teólogo romano, Boécio foi o último pensador latino a compreender o grego, sendo, portanto, a única fonte européia sobre esses textos digna de crédito, em sua época. Traduziu o Organon, de Aristóteles, e resumiu vários tratados sobre matemática, lógica e teologia. Sob o reinado de Teodorico, foi investido em altas funções administrativas, foi cônsul e magister palatii. Dando crédito a uma intriga política, o rei mandou executá-lo cruelmente em Pavia, em 525, depois de privá-lo do seu lar, suas propriedades e seus familiares, submetendo-o a uma longa prisão e muitas sessões de tortura.Foi na prisão que Boécio escreveu De Consolatione Philosophiae ( A Consolação da Filosofia) pouco antes de ser brutalmente executado.


Nessa obra-prima da literatura e do pensamento europeu, Boécio coloca-se na condição de um doente, por estar se perguntando de que lhe valeram tantos anos de filosofia e de princípios, se sua vida terminava como a de um malfeitor comum, sem conforto, sem afeto, sem integridade física. Então, no auge do seu devaneio ele tem uma visão de que a própria Filosofia, personificada em uma Dama de imortal encanto, vem até ele em sua cela e com ele dialoga sobre as palpitantes questões que o inquietam.


Todo esse sublime diálogo ele relata em A Consolação da Filosofia , onde vêm à baila os problemas do mundo, de Deus, da felicidade, da Providência, do destino, do livre arbítrio e, sobretudo, a questão do mal e da justiça divina. A Senhora Divina leva-o a compreender que, mesmo tendo perdido tudo e sofrendo dores atrozes, ele ainda pode e deve ser feliz, pois a verdadeira felicidade não pode ser roubada ou confiscada de nós por nada nem ninguém.

Ao final do poético diálogo, o filósofo não mais se encontra perplexo ou perdido. Ele está preparado para viver e morrer, tendo compreendido plenamente seu destino, abraçando sua sorte como um precioso tesouro. Este pequeno livro influenciou profundamente as maiores personalidades do pensamento e da arte européia, como Chaucer e Dante.

É verdade que pouco se fala da filosofia na rotina corriqueira dos homens e mulheres de hoje em dia. Como afirmou Bertrand Russell, o consultório da psicanálise é um dos últimos redutos onde ainda se pratica a maiêutica de Sócrates.
Mas as pessoas ainda se assustam com a psicanálise, taxando-a de tratamento para loucos, e preferem entregar suas mentes e seu dinheiro aos pastores de suas igrejas ou aos gurus da auto-ajuda, ignorando que não existe outra salvação ou auto-ajuda possível senão fazer um longo e profundo mergulho em si mesmo.


Que bom seria se filosofássemos mais. Que diminuíssemos um pouco o contato com a realidade para aumentar a análise desse contato, nas palavras de Fernando Pessoa no seu Livro do Desassossego. Que nos divertíssemos e ríssemos e desfrutássemos do convívio dos nossos amados sim, mas que buscássemos com igual empenho um pouco de solidão para compreender mais a natureza, o universo, nossas sensações, nossas emoções, nossas potencialidades, nosso EU.

Filosofando, tornamo-nos mais fortes, mais políticos, mais atuantes,mais felizes, mais espitiruais. Quem sabe assim, se um dia o Destino nos tirar aquilo que mais adoramos, em nossa hora mais escura a Majestosa Senhora Filosofia se digne vir ter conosco na restrita cela do nosso desespero, remova as ilusões dos nossos olhos e, consolando-nos e sorrindo, nos diga:
"Você é feliz!"

18 de julho de 2007

Onde está ?


A minha pergunta é uma só: Onde anda a ORDEM deste país que está escrita na nossa bandeira ????
Sumiu e ninguém viu....
Estamos todos de luto por essa tragédia no Aeroporto de Congonhas em São Paulo.
Não só pelas vítimas, mas por ser uma tragédia anunciada.
Até quando ?????
Triste realidade. Mais triste ainda, a sensação de impotência.

Drive
(The Cars)

Who's gonna tell you when,
It's too late,
Who's gonna tell you things,
Aren't so great.
You cant go on, thinkin',
Nothings' wrong, but bye,
Who's gonna drive you home, tonight.?
Who's gonna pick you up,
When You fall?
Who's gonna hang it up,
When you call?
Who's gonna pay attention,
To your dreams?
And who's gonna plug their ears,
When you scream?
You can't go on, thinkin'
Nothings wrong, but bye,
Who's gonna drive you home, tonight?
Who's gonna hold you down,
When you shake?
Who's gonna come around,
When you break?
You can't go on, thinkin',
Nothin's wrong, but bye,
Who's gonna drive you home, tonight?

15 de julho de 2007

Doce Espera




O texto de hoje foi concebido aos poucos.

Costumeiramente, eu sento e escrevo. E o texto nasce.

Mas o de hoje foi diferente.


Tudo começou de manhã, quando li o blog de Maria Cristina no site STUM, no qual a autora fala da espera, de encontrar o seu amor, seu companheiro de vida. Ela diz:


"Uma saudade de um rosto que não conheço, que não me lembro como é... uma falta e-nor-me de um toque que não sei precisar como seria, mas que já conheci um dia, uma necessidade de me sentir compartilhando a vida, com suas vitórias e dificuldades, com alguém muito próximo de minha alma, que não sei onde está neste momento, mas que tenho a certeza que existe... "


Me senti compelida a falar sobre o que Maria Crsitina escreveu.
Mais do que qualquer coisa, senti uma forte identificação do meu momento com o dela, motivo mais do que sufuciente pra poder escrever sobre isso.

Mas o dia foi passando, e tive alguns compromissos "sociais" ao longo do dia, e não "deu tempo" de escrever ainda na parte da manhã.

Mas como veremos a seguir, mais coisas precisavam ser sabidas antes que o texto nascesse.

No final de tarde, recebi o telefonema de uma amiga muito querida - Kiki (pequenina e também gigante) me chamando para uma conversa...
Fui até a casa dela, onde ela me contou que está grávida e vai casar.
Eu e Kiki temos uma longa amizade de muitos anos, mas no último ano, passamos muitas coisas juntas.
Coisas que Maria Cristina fala no seu blog, coisas que essa espera- que em alguns dias parece interminável- nos causa e nos traz.

Fiquei super feliz e emocionada.
Há tempos não chorava de felicidade como fiz hoje ao abraçar minha querida amiga Kiki.
De ver que a sua espera acabou. Uma nova vida se faz dentro dela.
E ela inicia uma doce espera, a de ser mãe e ver o rostinho do seu bebê.
Saí da casa dela com aquela sensação de ano novo, no primeiro dia do ano, sensação de alma lavada.


Ao chegar em casa, pouco antes de começar a escrever, recebo o email do blog de Rosana Braga -autora que eu gosto muito e me identifico com sua forma de escrever- e o objeto do seu texto era mesmo assunto - A espera.

Como não existem coincidências, e sim providências, a mensagem do dia pra mim foi muito clara, e com certeza veio em boa hora....

Nesses dias em que ás vezes a sensação é de cansaço,me lembro então o ditado diz que :
" Quem corre cansa, quem espera sempre alcança".

Se isso tiver algum sentido, logo saberemos, porque é sabido que parei de correr, de buscar.
Pra usar a expressão de Iyanla Vanzant : "Enquanto o amor não vem"... tô soltando os bichos, cuidando das feras, curando cicatrizes, colando caquinhos, preparando o solo pro plantio.


Isso me leva a crer que a mensagem de hoje é : Vale a pena confiar e esperar.


" O tempo é dono da razão"






8 de julho de 2007

A Sweet Memory - para Popó Siqueira


Hoje amanheci o dia com a estarrecedora notícia da morte de uma amiga.
28 anos, jovem alegre e cheia de vida.
Tinha lupus. O que significa levar uma vida cheia de restrições.
Mas a única restrição que Popó seguia, era viver sem restrições.
Vivia cada dia completamente.
Encantava todos a sua volta com sua contagiante alegria.
Chicleteira incomensurável. Fã do Alemão (BBB).
Amada por parentes e amigos.
Especialmente, pela fiel escudeira Letícia.
Pra lá de 20 anos de amizade.
Mas acho que Deus tem outros planos, fora aqueles q fazemos todos os dias.
E apesar de toda tristeza que a dor da perda e saudade traz,
prefiro pensar que os Planos de Deus são sempre melhores que os nossos.
Mesmo, num dia como esse, de profunda tristeza, um sentido maior de existência emerge.
Como disse Rabindranath Tagore - Filósofo e sociólogo espanhol:
"A morte não é o apagamento da luz; é o ato de dispensar a lâmpada porque o dia já raiou."
May she rest in God´s Peace.
Escolhi esse poema de W.H. Auden.
Semana passada revi "4 Casamentos e 1 Funeral", e este poema é recitado no filme. "Coincidentemente" procurei por ele na internet e adicionei em favoritos.
Triste, porém, apropriada coincidência... ou melhor, providência.
TWO SONGS FOR HEDLI ANDERSON
By W. H. Auden
I Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin,
let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message
She Is Dead,
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

She was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.
The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

7 de julho de 2007

07.07.07 - LIVE EARTH - Answer the Call






Hoje é um dia especial.
07.07.07 - Com certeza um "dia cabalistico".
Cheio de boas energias.

8 Cidades, 7 Continentes.
150 artistas envolvidos em chamar a atenção do mundo, pra nosso mundo.

A terra está morrendo. Isso é um fato.
Fazemos as coisas sem nos dar conta dos efeitos de nossos habitos.
Pequenas coisas.
Me lembro de estar na casa de uma amiga minha, e ela começou a escovar o dente e saiu andando pela casa, deixando a torneira aberta...
Fiquei estupefacta (adoro essa palavra!)... e ao mesmo tempo aliviada de ver que eu já tinha conseguido mudar um velho hábito.

Parece papinho de quem não tem o que fazer, mas na realidade é papinho de quem sabe o que fazer.
E se a gente não parar pra pensar, não fizer nada... os recursos vão se esvair.
Vão acabar. Mesmo.

Lembro que em 2005 ao assisti o LIVE 8 (http://www.live8live.com/ ) na TV.
Morava em São Paulo. Era um sábado chuvoso e frio.
Passei o dia em casa, assistindo aqueles concertos, shows, comovida.
Chorei diversas vezes, sem muita explicação.
Talvez o choro tenha sido de culpa, em ver que de certa forma, mesmo se não faço nada contra, não faço nada pra ajudar.
Como disse Martin L. King Jr : "O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons"
Talvez meu choro tenha sido de sentir uma conexão interna com aquilo tudo.
Talvez de ver, tantos poderosos artistas se mobilizarem por quem não tem ninguém.
Nem a si mesmo, não tem identidade, nem certidão de nascimento... e com certeza não tem VOZ.

Hoje é um pouco diferente. Todos esses 150 artistas estão unidos por todos nós.
Todos nós precisamos e SEMPRE precisaremos de água.
Do Sol, da chuva, do verde, do ar puro.
É um chamado Universal.
Um grito de Gaia, da Mãe Terra, do Planeta Água.

Responda ao chamado. Mude pequenos hábitos.
Vamos ser VERDES, ECO, GREEN.
É legal ser legal.


http://www.liveearth.org/
http://www.greenpeace.org/brasil/

Planeta Água
(Guilherme Arantes)

Água que nasce na fonte serena do mundo
E que abre um profundo grotão
Água que faz inocente riacho
e deságua na corrente do ribeirão
Águas escuras dos rios
que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias e matam a sede da população
Águas que caem das pedras no véu das cascatas,
ronco de trovão
E depois dormem tranqüilas no leito dos lagos,
no leito dos lagos
Água dos igarapés, onde Iara,
a mãe d'água é misteriosa canção
Água que o sol evapora, pro céu vai embora,
virar nuvem de algodão
Gotas de água da chuva,
alegre arco-íris sobre a plantação
Gotas de água da chuva, tão tristes,
são lágrimas na inundação
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que
encharcam o chão
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo
da terra
Terra, planeta água...