8 de dezembro de 2010

Coma, Reze e Ame



Em Novembro de 2007, eu estava em Sauípe, com minha Amiga, Irmã e Dindinha  Marcela.

Fomos curtir Sauípe Fest, meio que “inaugurando” o Verão.  
Antes de ir pra festa, ficamos assistindo TV, e no final de tarde, assistimos a um filme meio de terror. Ficamos meio assustadas e ficamos zapeando pra distrair do pavor que estávamos sentindo.
Paramos no GNT que exibia o programa The Oprah Winfrey Show.
Eu amo Oprah.
Sempre digo que queria ser amiga dela, daquelas assim, de tirar o sapato na sala da casa dela, sem cerimônias.

Pois bem, Oprah entrevistava uma proeminente escritora americana – Elizabeth Gilbert -  que estava divulgando seu novo livro EAT- PRAY – LOVE, QUE que rapidamente estava se tornando um grande sucesso nos Estados Unidos. 
Assistimos a entrevista – Marcela e eu – completamente maravilhadas.  Não somente pelo que dizia Liz Gilbert, mas pela Verdade que ele transmitia.
Essa é a característica dos Testemunhos, eles arrebatam, arrastam pela Verdade que conduzem.

Semanas depois, Marcela me presenteou com o livro “Comer, Rezar e Amar” recém chegado às livrarias brasileiras. E ao contrário do que se possa supor, não devorei o livro imediatamente. Para ser muito honesta, li até a metade da viagem de Liz Gilbert à Itália e até hoje não terminei o livro. Tentei recomeçar a leitura diversas vezes, e acho que essa é a primeira vez que assumo – em público – que não li o livro todo.

Minhas leituras são intuitivas, então às vezes paro e só volto tempos depois. Às vezes leio tudo numa semana... Depende realmente da intuição.
Pois bem, hoje entendi o porquê de não ter prosseguido com a leitura, e talvez agora eu retome a leitura.

Assisti ao filme "COMER, REZAR, AMAR", estrelado por Julia Roberts e Javier Barden. E devo dizer que a tradução do título, teria uma conexão mais profunda se fosse: COMA REZE E AME, que é aliás a tradução ao pé da letra.

Percebi que, quando ganhei o livro, eu estava “vivendo” a página de introdução do livro, e talvez não pudesse compreender mensagens valiosas, se elas  fossem “anunciadas” precocemente.

Eu tive - durante quase 1 ano inteiro -  a minha porção COMER. Foi um ano que não tive vontade de malhar, de fazer dieta etc... E se fizer uma retrospectiva no Blog, vai poder notar isso.
Comer não era só me alimentar, era um momento de prazer intenso, e às vezes quase um ritual, percebi que havia necessidade de deixar rolar e me entreguei àquele momento.

O REZAR não foi separado do COMER. Foram dois processos que correram em paralelo. O REZAR se iniciou antes do COMER, e ainda tímido permaneceu latente, durante o AUGE do COMER.
Quando o COMER foi começando a diminuir sua força, automaticamente o REZAR foi crescendo.

Acho que o REZAR começou realmente a partir da minha CRISMA.
A vida não tem um significado maior, depois que fui crismada.
A vida hoje é cheia de significados, é o signo em si. Tenho uma conexão com o Divino que muitas vezes nem eu entendo ainda, mas uma coisa é certa, essa conexão se fortalece a cada dia.  É o meu melhor momento, e não importa a hora do dia ou da noite, Ele está sempre ali... Just a pray away.
E elaborando melhor, não TENHO a conexão, ela É em mim, não é um estado de estar ou ter, é um momento do SER.

Em sua jornada, Liz Gilbert – apesar de desejar muito encontrar Deus – no primeiro momento se sente desconcertada e inadequada. É nesse momento que o encontro já começa a acontecer.
É quando nos sentimos inadequados que começamos a nos aproximar do que realmente somos, e devo dizer que é lá que Deus está nos esperando. Acho que é impossível dizer que se conhece Deus, se eu não me conheço, não me amo e principalmente me perdôo.

Lembro que nas minhas primeiras missas, ficava meio sem jeito vendo as pessoas ao meu lado cantarem e se entregarem aos Cânticos de Devoção... Enquanto eu mal conseguia cantar.
Hoje, é um verdadeiro momento de entrega e êxtase, cada palavra dita ecoa nos mais profundos recônditos da minha Alma... lá naqueles cantinhos que nem eu sei que existe, ou que às vezes finjo não saber que existe.

As coisas na vida de cada um são únicas, e são do tamanho da nossa alma para o agora.
E  se às vezes parecem grandes demais para ser absorvidas por nós em algum momento, penso que na realidade nosso olhar pra nossa Alma é que está pequeno, ou subjugado.

Outro dia um amigo meu, de longa data, me perguntou se eu tinha virado evangélica... Acredito que isso se deve ao fato de eu twittar a Ave-Maria todos os dias às 18horas, um costume aqui na Bahia e que se tornou um momento em que paro o que estou fazendo para me conectar, durante alguns minutos com o Divino. Esse é todo o contato que esse meu amigo vem tendo comigo nesses últimos tempos, através do Facebook.

Eu ri da observação dele, achei graça e também esclareci que os evangélicos (aos quais ele se referia, pois católicos também são evangélicos, pois vivemos pela Palavra anunciada no Evangelho) não devocionam Nossa Senhora, Maria, a mãe de Jesus.  E para mim, Nossa senhora vai além de ser uma devoção, Seu Amor é mais real do que eu posso expressar, mas essa é uma experiência muito particular.

Depois, parei para pensar e quase escrevi um email para ele, que acompanhou uma fase de minha vida, que foi de muitas descobertas, mas também de muita dor. Ele era o melhor amigo do meu primeiro grande Amor, e como tal viu muita coisa.
Com a observação dele – ao achar que eu havia me tornado “evangélica” – me dei conta de como eu realmente desabrochei, e como isso continua a acontecer – talvez de forma mais consciente agora.

Acho que ninguém muda. Ninguém se torna o que não é. Acho que a gente vai se descobrindo, revelando nossas verdadeiras cores, antes encobertas pelas nuvens e poeiras da ignorância do ser. Sempre amei psicologia, filosofia, artes, cinema, música. Hoje tudo isso compõe mosaicos constituintes do caleidoscópio chamado Patrícia. Às vezes tudo se encaixa, outras vezes não se encaixa da maneira que eu pensei fossem se encaixar. Mas invariavelmente, acabo me encontrando no Caminho, no meio, no começo, ou no fim de cada experiência.

É isso que o encontro com Deus promove: O encontro com si mesmo.  
O encontro com o Amor que já temos em nós, mas que precisamos expressar não somente pelos outros, mas primeiramente por nós mesmos, pois não podemos dar, aquilo que não temos. 

E mesmo se pensamos receber isso dos outros, em algum momento seremos privados desse amor alheio pra poder entender como  as coisas funcionam. #FATO.

E como disse antes, cada um tem sua história e seu momento, mas acho que no meu caso a terceira fase da saga COMER REZAR AMAR, poderá acontecer então em breve.

Ontem uma amiga querida, Débora, me disse uma coisa que me fez chorar ... de Amor.
Ela disse: “ Patita,é tão bom ser amada por você, seu amor nutre, protege, valoriza, acolhe... Mas é também preciso deixar-se Amar.”

Não vou entrar em maiores detalhes... isso diz respeito à mim, e a melhor história de viver é sempre a nossa, portanto olhe para você nesse instante.

Fica aí o recado, a dica pra todos nós.

Cartas para Redação,
Bjo me twitta
@patmguerra

Ps. Até Domingo passado, nunca havia entendido essa música. Foi quando minha amiga LIZ me elucidou... A CURA fala de Deus. =) 

A CURA 
(Lulu Santos)

Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança
E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra
Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura
Existirá
Em todo porto se estiará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança
E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra
Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura

7 comentários:

Laetitia disse...

Prima... eu devorei o livro com pressa... adorei ele todinho... queria ler logo pra ver o filme.
No fim, li o livro e nao vi o filme. Saco...

adorei seu post

bjos

Anônimo disse...

E agora é hora de AMAR (como vc sempre ama) e se deixar amar.
Já te disse isso várias vezes e vou repetir: vc está na sua melhor fase. Cabelo, pele, sorrisos, gestos, alma e corpo!
Sem dúvida, tendo vivido e absorvido essas etapas, é hora de deixar a felicidade se instalar.
"Simplesmente LOUVE..."
Beijo, amiga!!!
Liz

Dindinha disse...

Afilhadaaaa,

antes de mais nada: EU TE AMO!

Lembro desse dia de Sauípe como se fosse ontem. Aliás, que Sauípe Fest especial, hein? E essa entrevista em Oprah foi mais um dos momentos "Estranho vai ser o dia que nada acontecer".

Sou sua madrinha de Crisma e acompanho de perto a sua Fé. E nas farras de Comer estive em praticamente todas! rsrs Mas o amar, amiga... o amar faz parte de você. Vc tem o dom de amar, se doar, viver o amor. Mas como Liz bem falou é hora de deixar a felicidade se instalar!

E o mais importante você já tem... sabe amar... sabe ser amada... tem tanta gente que não consegue ou não sabe isso.

Por isso que digo: Te amo! E, como diz uma canção de Maria Gadú "deixe estar que o que for pra ser vigora".

Bjo

Gleide Pereira disse...

Olha, preciso dizer: "é um prazer conhecê-la!"
A net tem dessas coisas. Quando a gente pensa que é tudo clichê, lugar comum mesmo, eis que surgem gratas surpresas como esse seu post. E foi assim, mero acaso...entrei no twitter no final da noite de um feriado, no meio da semana e encontro uma referência ao seu blog. Adorei. Me permita te seguir.
Um beijo no seu coração e fica com Deus, sempre!

Piti Canella disse...

esse foi o primeiro filme que me fez chorar na vida.
adorei seu texto pat. lindo demais.
;)

Patricia Guerra disse...

Ohh Gleide, Obrigada. Volte sempre.

Meninas, obrigada pela energia de amor que vcs deixaram aqui hoje.
Amo mto tudo isso.

Beijos

Berkciara disse...

Pat, permita-me fazer meu primeiro comentário aqui? rs. Sou uma leitora fantasma do seu blog, gosto de tudo que escreve, admiro pessoas que descrevem bem seus sentimentos em palavras e você sabe fazer isso melhor que ninguém, mas nunca comento, tenho preguiça disso algumas vezes ou prefiro ficar mesmo só na leitura.
Mas achei interessante o texto, li o livro até a metade, até então gostei do que li, e ainda não consegui assistir o filme.

Enfim, COMA o que seu apetite mandar, REZE mesmo sem saber rezar (apesar de você fazer isso super bem), mas para conseguir amar, tente, ao menos tente, encontrar um pouco de paz, tirar a amargura entalada na garganta, não a espalhando, mas a compreendendo, aceitando seus motivos (seus reais motivos e não aqueles que você inventou para colocar a culpa nos outros) e deixando-a ir embora quando ela quiser ir. Ela vai querer ir, não a segure, não segure a amargura porque, apesar de rimar, ela não é uma armadura, ela não lhe protege de nada, let it go... aí então, ame.

Se cuida =)

Só para descontrair um pouco, vamo "Comer, Rezar, Beber" pq Amar ta foda, rs.