9 de novembro de 2009

Muros, Saias e Fé



Hoje fazem 20 anos da queda do Muro de Berlin.
Um muro que por tanto tempo dividiu um mesmo país.
Separava também estados, ruas, casas, ideologias, familias, amigos, comunidades, corações e separava o mundo da paz.

Me lembro do dia da queda do muro de Berlin.
Só faltou ser feriado.
Todo mundo numa alegria.

Com certeza mais do que todos nós, os alemães não esquecerão esse dia jamais.
Está na História deles e da Humanidade também.

E nessa mesma semana, o episódio da estudante Geyse Arruda, hostilizada ao usar um microvestido na Faculdade Uniban, em que cursa -cursava ?- Turismo, me chamou a atenção.

Olhando novamente para o episódio de Geyse, me pergunto: Que muro que caiu, mesmo ??

Cá pra nós, acho que ela se vestiu - e muito provavelmente se veste - de forma pra lá de inapropriada para ir à aula. Afinal, bom gosto é fundamental. Abro parêntese pra dizer: ( acho que ela confundiu a máxima Menos é Mais, aplicando-a ao tamanho da saia)... enfim...

Mas, é muito claro, no vídeo veiculado exaustivamente na mídia, o posicionamento da massa estudantil. A rejeição à liberdade de expressão de Geyse. E isso é uma das questões da democracia. Tem que se aceitar a expressão do outro. Por mais que eu queira, vestir-se mal, ainda não é contravenção.
Os antigos uniformes, previniam tanto o comportamento de Geyse, quanto a reação daquela "galerinha".  Mas podavam a auto expressão. Como pode atestar minha amiga Luciana Dalmagro, moda é uma maneira de expressão, é um comunicar de desejos ou filosofias internos.

Padres e Freiras usam o respectivamente a batina e o hábito . Hare Krishnas usam uma espécie de sári. Medicos usam jalecos. Juízes de direito a toga. Prostitutas usam praticamente nada.

E Geyse usou o vestido que provavelmente fazia com que ela se sentisse poderosa.
E todas essas formas de se vestir, comunica alguma ideologia, filosofia ou comportamento.

A reação da multidão também comunica o que estamos construindo enquanto sociedade.
Na minha opinião, não estamos construindo nada.
Nada de virtuoso pelo menos.
A construção do muro de Berlin começou na mente de uma pessoa que não aceitou a  filosofia de outra, começou no momento em que a instransigência superou o diálogo.

Se a outra pessoa não está na forma que estamos acostumados, imediatamente rechaçamos o outro. Não serve para os nossos altos padrões.
O pecador não cabe no meu universo de perfeição e santificação.
E não nos damos o luxo, e ao outro o direito de ouví-lo.
É mais fácil humilhar do que aceitar.
Agredir do que amar.
Repelir do que ensinar.

Fico pensando no que estamos fazendo com tudo que sabemos.
Geyse é a Maria Madalena do sec XXI.
E como diria o Grande Mestre Jesus : Atire a primeira pedra, aquele que dentre vós não pecou.(Jo 8,7)

Arrependida Geyse já está.
Agora cara Geyse, vá e não peques mais.
Porque o mundo trata melhor quem se veste bem, como dizia um comercial dos anos 80 da marca Ferreira Guimarães.

***
Relendo o post, quero colocar um adendo:
O mundo trata melhor quem se veste bem, não só de roupas, mas principalmente quem se veste de boas atitudes, quem se veste com atitudes de amor e caridade.
Pronto, falei !!

1 comentários:

LIZ PASSOS disse...

Belíssimo texto, Patita!
Fico abismada ao pensar nas mentes atrofiadas e preconceituosas da Uniban. Quiseramos que "revoluções" como esta fossem feitas em prol da educação.
Estou um pouco cansada desses showzinhos de mulheres que não sabem se vestir (para ser educada, como vc..rs)que querem chamar atenção e dar entrevistas em programas de fofocas.
Sem paciência nenhuma para essas professoras (ou já esquecemos do Todo Enfiado?) e alunas!!!
Beijooos